Miniatura do termo

Classificação 3.5.1.24 - Dossier D. Afonso II - O Gordo , 1211 – 1223

3.5.1.24 – NUMIS RNC CMO BPI DAFII – Dossier D. Afonso II – O Gordo, 1211 – 1223

Afonso II (Coimbra, 23 de abril de 1185 – Coimbra, 25 de abril de 1223), apelidado de Afonso, o Gordo, foi o Rei de Portugal de 1211 até sua morte. Era filho do rei Sancho I e sua esposa Dulce de Aragão.

D. Afonso II começou a reinar em 1212, após a morte de seu pai e, apesar de ser um homem debilitado fisicamente devido a uma doença variante da lepra, ele reinou de uma forma bastante inovadora para a época, centralizando em si os destinos do país.

Quando o seu pai morreu, deixou em testamento às suas irmãs Mafalda, Teresa e Sancha alguns castelos no centro do país (Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer) e também as respetivas vilas, termos, acaidarias e rendimentos, designado-as rainhas dessas terras.

Assim, as infantas procuraram o reconhecimento da independência das suas terras, reunindo também tropas que se aliaram às suas causas.

Por isso, Afonso II teve de enfrentar uma forte oposição da nobreza e principalmente das suas irmãs conseguindo, no entanto, o reconhecimento da sua soberania por parte da Santa Sé, que concedeu no entanto poderes às infantas sobre as terras que eram suas por direito mas que pertenciam ao reino de Portugal, ficando assim o assunto resolvido.

Logo em 1211, no primeiro ano do seu reinado, D. Afonso II convoca as primeiras cortes portuguesas, as famosas Cortes de Coimbra.

Aí foram promulgadas as primeiras leis portuguesas visando principalmente temas como a propriedade privada, o direito cívil e a cunhagem da moeda.

Outra decisão resultante destas cortes foi o envio de embaixadores portugueses a diversos países europeus com o objetivo de estabelecer tratados comerciais.

Visto que as leis promulgadas centralizavam o poder no Rei, sendo que foi D. Afonso II quem nunca permitiu que existisse em Portugal um verdadeiro regime feudal, estas enfraqueciam muito a nobreza e o Clero.

Foi também nas Cortes de Coimbra que surgiu a primeira lei de desamortização. Esta lei decretava a proibição dos mosteiros e ordens religiosas de adquirirem bens fundiários, impedindo assim o clero, que nesta altura possuía já muito poder no país, de centralizar excessivo poder nas suas mãos.

Assim, com a existência de Portugal já firmemente estabelecida, Afonso II procurava minar o poder do clero, aplicando parte das receitas das igrejas em função de causas de utilidade nacional.

Esta atitude levou a um conflito diplomático entre a Santa Sé e Portugal, acabando D. Afonso II por ser excomungado pelo Papa Honório III.

D. Afonso II prometeu retificar os seus erros contra a Igreja, mas durante a sua vida nunca se preocupou muito com isso, acabando por morrer ainda excomungado.

O reinado de D. Afonso II ficou marcado por um novo estilo de governação, contrário à tendência belicista de seu pai e do seu avô. D. Afonso II não se preocupou em contestar as fronteiras de Portugal com a Galiza e Leão, nem procurou expandir o país para o sul.

Ainda assim, durante o seu reinado, mas não por sua iniciativa, Alcácer do Sal foi tomada aos Mouros em 1217, numa iniciativa de um grupo de nobres liderados pelo bispo de Lisboa. D. Afonso II preferiu antes consolidar a estrutura económica e social do país.

Mesmo assim, apesar de não ter tido preocupações militares com a expansão do território, D. Afonso II enviou tropas portuguesas para combaterem bravamente ao lado dos aragoneses, castelhanos e franceses, na célebre batalha de Navas de Tolosa, na defesa da Península Ibérica contra os muçulmanos.

Em 1220, D. Afonso II avançou com as Inquirições, que tinham como objetivo fazer um registo dos bens da coroa, principalmente nas zonas onde a usurpação dos bens régios era mais fácil e frequente.

Ainda em 1220, D. Afonso II lançou também as Confirmações, que tinham como objetivo ratificar todas as concessões e doações dos sucessores do rei, sendo que também aí foram enfraquecidos os poderes não reais.

Uma das principais inovações do reinado de D. Afonso II, foi a elaboração do primeiro registo oficial dos documentos régios, permitindo assim uma melhor organização dos serviços de chancelaria.

Em 1223, quando tinha 57 anos, morreu em Santarém D. Afonso II, deixando um país sem as suas fronteiras ainda definidas, mas ficando o país muito mais organizado e com bases para se poder expandir de forma consistente, como viria a acontecer.

Quando morreu, D. Afonso II ainda não tinha resolvido o seu diferendo com o Papa e permanecia excomungado. No entanto, logo após o início do reinado do seu filho D. Sancho II, o conflito com a Igreja foi resolvido, e D. Afonso II pôde finalmente descansar “em paz” no Mosteiro de Alcobaça.